segunda-feira, 18 de abril de 2011

NOTURNO



Quero dormir
o sono sem mitos, um sono longo como o da pedra
que não sonha à beira do caminho

Quero a forma das chamas congeladas
ou das sombras mudas
em que a Noite morre como um bicho escuro
sob o Olhar dos doidos
Não quero mais as grades
nem a luz sem sangue desta cidade!

Quero marijuana, ópio, cocaína
o despertar sem tempo,
mas tão sem tempo como aquela rua que termina num ponto
feito para a minha poesia dançar
vitoriosamente a morte de Deus.


1948

Moacyr Félix

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