quarta-feira, 20 de abril de 2011

Noturno


Laça-me o coração a curva de teus olhos,
Um giro de dança e doçura,
Berço noturno e firme, auréola do tempo,
E se já não sei mais o que foi minha vida
É que teus olhos não me viram no passado.

Folhas de luz, musgo de orvalho,
Ervas do vento, risos perfumados,
Asas cobrindo o mundo de clarões,
Barcos cheios do céu e do oceano,
Caçadores dos sons, manancial das cores,

Perfume que nasceu em ninho de alvoradas,
E que escondido está na palha das estrelas,
Como da inocência depende a luz
Depende o mundo de teus olhos puros
E em seu olhar corre meu sangue.


Paul Éluard

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