quinta-feira, 5 de maio de 2011

Lábios que não se abrem, lábios


Lábios que não se abrem, lábios
com seu segredo
calado



Segredo no ermo da noite
resiste à rosa dos ventos
calado.



Flauta sem a vibração
do sopro.
Luar e espelho, frente a frente,
em calada
vigília.



Fria espada unida
ao corpo.



Resto de lágrimas sobre
lábios
calados.



Borboleta da morte
em sorvo
pousada à flor dos lábios
calados
calados.


Henriqueta Lisboa
Publicado: A Face Lívida (1945)

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