terça-feira, 19 de abril de 2011

QUINZE HORAS



Descai o sol, risonho,
empunhando tições em chamas.

No relógio
o ponteiro, enérgico,
estende-se – braço
apontando o horizonte:
mostrará algum prodígio,
algum desastre, algum demônio?

O verde escorre das árvores,
a sombra quase queima.

No céu o sol maneja o seu tridente
atiçador de chamas,
ruivo demônio:
e vibra a luz,
e os pássaros se calam,
e no campo azul,
tal como Joana d’Arc no seu poste
arde o demônio alegremente.


Péricles Eugênio da Silva Ramos
in A Noite da Memória

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